"Se tivesse acreditado na minha brincadeira de dizer verdades teria ouvido verdades que teimo em dizer brincando, falei muitas vezes como um palhaço mas jamais duvidei da sinceridade da platéia que sorria."

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Indignação


Sabe o que é ridículo?



1 - As belíssimas viaturas HILUX SW4 do "Sr. Governador Cid Gomes, orçadas em R$ 165.000, desfilando pela periferia do interior, com três "frangotes fardados e disfarçados de PM" dentro, passeando e paquerando as menininhas"...

2 - A construção de um INÚTIL Aquário Internacional em Fortaleza no valor de R$ 250.000.000...

...enquanto isso os estudantes da UVA (Universidade Estadual Vale do Acaraú) começam o semestre sem professor....

...alunos dos últimos semestres que não vão poder se formar por não terem professores orientadores...
...estudantes que viajam 400 km por dia das suas cidades e quando chegam não tem aula por falta de mestres...
...E se se alguns cursos não querem parar de funcionar contratam por conta própria Professores temporários por 6 meses ganhando uma "merreca"!

Cadê, Sr Governador, Mestre dos Mestres, Soberano Absoluto!????

É isso q vc faz com os milhões de votos dos jovens cearenses????

E olhe que vc nasceu aqui, em Sobral!... terra de Dom José!

Mas vergonha na cara não é pra todo mundo mesmo...

Principalmente na minha, que votei nele 2 vezes...

...e na de uma cambada de idiotas que se arruma, se perfuma e vai ser besta nos Shows "gratuitos" que o Dr. Cid promove no Arco! Nem sabem eles, que quando entrarem na Universidade (se entrarem) não vão encontrar professores suficientes...

...mas gente BURRA se engana assim mesmo: com "Férias no meu Ceará".....êta nóis!!

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Se eu chorar




Tão biitinho

O amor acaba


O amor acaba. Numa esquina, por exemplo, num domingo de lua nova, depois de teatro e silêncio; acaba em cafés engordurados, diferentes dos parques de ouro onde começou a pulsar; de repente, ao meio do cigarro que ele atira de raiva contra um automóvel ou que ela esmaga no cinzeiro repleto, polvilhando de cinzas o escarlate das unhas; na acidez da aurora tropical, depois duma noite votada à alegria póstuma, que não veio; e acaba o amor no desenlace das mãos no cinema, como tentáculos saciados, e elas se movimentam no escuro como dois polvos de solidão; como se as mãos soubessem antes que o amor tinha acabado; na insônia dos braços luminosos do relógio; e acaba o amor nas sorveterias diante do colorido iceberg, entre frisos de alumínio e espelhos monótonos; e no olhar do cavaleiro errante que passou pela pensão; às vezes acaba o amor nos braços torturados de Jesus, filho crucificado de todas as mulheres; mecanicamente, no elevador, como se lhe faltasse energia; no andar diferente da irmã dentro de casa o amor pode acabar; na epifania da pretensão ridícula dos bigodes; nas ligas, nas cintas, nos brincos e nas silabadas femininas; quando a alma se habitua às províncias empoeiradas da Ásia, onde o amor pode ser outra coisa, o amor pode acabar; na compulsão da simplicidade simplesmente; no sábado, depois de três goles mornos de gim à beira da piscina; no filho tantas vezes semeado, às vezes vingado por alguns dias, mas que não floresceu, abrindo parágrafos de ódio inexplicável entre o pólen e o gineceu de duas flores; em apartamentos refrigerados, atapetados, aturdidos de delicadezas, onde há mais encanto que desejo; e o amor acaba na poeira que vertem os crepúsculos, caindo imperceptível no beijo de ir e vir; em salas esmaltadas com sangue, suor e desespero; nos roteiros do tédio para o tédio, na barca, no trem, no ônibus, ida e volta de nada para nada; em cavernas de sala e quarto conjugados o amor se eriça e acaba; no inferno o amor não começa; na usura o amor se dissolve; em Brasília o amor pode virar pó; no Rio, frivolidade; em Belo Horizonte, remorso; em São Paulo, dinheiro; uma carta que chegou depois, o amor acaba; uma carta que chegou antes, e o amor acaba; na descontrolada fantasia da libido; às vezes acaba na mesma música que começou, com o mesmo drinque, diante dos mesmos cisnes; e muitas vezes acaba em ouro e diamante, dispersado entre astros; e acaba nas encruzilhadas de Paris, Londres, Nova Iorque; no coração que se dilata e quebra, e o médico sentencia imprestável para o amor; e acaba no longo périplo, tocando em todos os portos, até se desfazer em mares gelados; e acaba depois que se viu a bruma que veste o mundo; na janela que se abre, na janela que se fecha; às vezes não acaba e é simplesmente esquecido como um espelho de bolsa, que continua reverberando sem razão até que alguém, humilde, o carregue consigo; às vezes o amor acaba como se fora melhor nunca ter existido; mas pode acabar com doçura e esperança; uma palavra, muda ou articulada, e acaba o amor; na verdade; o álcool; de manhã, de tarde, de noite; na floração excessiva da primavera; no abuso do verão; na dissonância do outono; no conforto do inverno; em todos os lugares o amor acaba; a qualquer hora o amor acaba; por qualquer motivo o amor acaba; para recomeçar em todos os lugares e a qualquer minuto o amor acaba.